Ele era um
adolescente que acabara de ser dispensado pela namorada. Durante três anos, eles
tinham compartilhado amigos e lugares favoritos. Agora ele estava só. Ela
conhecera, durante as férias, um outro garoto pelo qual se
apaixonara.
Paulo se
sentia como a última das criaturas na face da terra. No treino de futebol, ele
deixou escapar alguns passes e, pela primeira vez, sofreu várias faltas. Mal
acabou o treino, lhe disseram que deveria comparecer ao escritório do
treinador.
"E então,
filho? Garota, família ou escola, qual dessas coisas está lhe
incomodando?"
"Garota",
foi a resposta de Paulo. "Como o senhor adivinhou?"
"Paulo,
sou treinador de futebol desde antes de você nascer e todas as vezes que vejo um
craque jogar como um novato do time reserva, o motivo é um desses
três."
Paulo lhe
falou que estava com muita raiva. Havia confiado na menina, dera a ela tudo o
que tinha para dar e o que é que ganhou com isso?
"Boa
pergunta", disse o treinador. "O que foi que você ganhou com
isso?"
Tomou de
várias folhas de papel e pediu a Paulo que pensasse sobre o tempo que passou ao
lado da moça. Que listasse todas as experiências boas e ruins que conseguisse
lembrar. E saiu, dizendo que voltaria dentro de uma hora.
Paulo
começou a lembrar. Recordou do dia que a convidou para sair pela primeira vez e
ela aceitou. Se não fosse pelo incentivo dela, ele jamais teria tentado uma vaga
no time de futebol. Pensou nas brigas que tiveram. Não lembrou todos os motivos
pelos quais brigavam, mas lembrou-se de como se sentia feliz quando conseguiam
conversar e resolver os problemas. Foi assim que ele aprendeu a se comunicar e a
buscar acordos. Lembrou-se também de quando faziam as pazes. Era sempre a melhor
parte. Lembrou-se de todas as vezes que ela o fez sentir-se forte, necessário e
especial.
Encheu o
papel com a história dos dois, das férias, das viagens feitas com a família,
bailes da escola e tranqüilos piqueniques a dois. E, na medida em que as folhas
iam ficando escritas, ele se deu conta do quanto ela o ajudara a crescer e a se
conhecer melhor. Ele teria sido uma pessoa diferente sem ela.
Quando,
uma hora mais tarde, o treinador retornou, Paulo se fora. Deixou um bilhete
sobre a mesa que dizia apenas:
"Treinador, obrigado pela lição. Acho que é
verdade quando dizem que é melhor amar e perder do que jamais ter amado.
A gente
se vê no treino."
Nenhum comentário:
Postar um comentário